Estrela 1 - 1 Benfica (3-4 após g.p.)
publicado por joaorsilva

Um erro grosseiro de arbitragem, a um minuto do fim, permitiu ao Benfica empatar um jogo que estava perdido e, depois, seguir em frente na Carlsberg Cup. A três dias do derby, Camacho apostou num onze de gestão, com três estreias absolutas (Butt, Dabao e Zoro) e uma dupla de centrais vinda de paragens prolongadas. O técnico espanhol confiava, por certo, no talento de algumas individualidades para se superiorizar a um Estrela mais coeso e próximo do seu figurino habitual. Não contaria, por certo, que o ensaio resultasse numa equipa tão desgarrada e desarmoniosa como aquela que, durante mais de 60 minutos, foi inferior ao seu adversário em todos os aspectos.

Depois de quinze minutos em que Di María esteve no centro das atenções, sendo o ponto de referência em toda a circulação ofensiva do Benfica, o Estrela percebeu que tinha argumentos para discutir o jogo: embora perdendo na qualidade técnica individual, tinha vantagem de sobra no que se refere a rotinas colectivas e motivação.

Mais coesa, a equipa de Daúto Faquirá teve uma grande oportunidade, por Moses, que foi negada a meias por Butt e Zoro (15 m). Esse foi o sinal para o eclipse encarnado: durante 20 minutos, só o Estrela andou perto da grande área, ora em cantos que a defesa do Benfica sentia muitos problemas para resolver, ora em lances de bola corrida, quase sempre iniciados em Tiago Gomes, o mais lúcido e determinado dos 22 jogadores em campo.

Aos 35 minutos, Maurício assinou o melhor momento do jogo: uma bomba de livre directo, a mais de 25 metros da baliza, que tornou inútil a estirada de Butt. Era o primeiro golo sofrido pelo Benfica «de Camacho» em jogos domésticos, e perfeitamente adequado ao que estava a suceder. Se o Estrela já tinha motivos para se sentir moralizado antes do golo, a forma espectacular como este aconteceu ainda mais acentuou a convicção dos seus jogadores de que este Benfica em regime de ensaio era um adversário perfeitamente acessível.

Ao intervalo, Camacho lançou Adu mas a desarmonia da equipa nem de perto se resolveu. Apesar de um domínio territorial muito consentido pelo Estrela, a primeira situação que obrigou Pedro Alves a intervir só aconteceu aos 66 minutos, numa saída a soco a impedir que o desinspirado Dabao chegasse a uma bola cabeceada por Luisão.

Só nos últimos 20 minutos as coisas animaram: primeiro, uma perda de bola de Binya permitiu a Nuno Viveiros embalar pelo campo fora, para ser derrubado por Zoro a centímetros da linha de área. Na resposta, Fernando teve de fazer o mesmo a Cristian Rodriguez e com esse lance o Benfica, que já tinha Andrés Díaz e Fábio Coentrão em campo, sem ganhar com isso qualquer lucidez, acordou para tentar resgatar uma noite sombria nos últimos 20 minutos.

Alguns números habilidosos de Adu, nem sempre objectivos, e uma ou outra iniciativa do esforçado Cristian Rodriguez foram pelo menos capazes de sacudir o torpor aos companheiros. O Estrela recuava, agora sim, obrigado a isso pelo acentuar da pressão encarnada, e passou a defender demasiado perto da sua área. Os riscos de um ressalto, de um erro de marcação, tornavam-se mais fortes e Daúto Faquirá lançou Wagnão para tentar ganhar poder físico nos minutos finais. Acabou por ser o central brasileiro a ganhar o prémio do azar: no último minuto, uma bola pontapeada por Binya acertou-lhe no corpo. Por indicação do seu auxiliar José Lima, Duarte Gomes sancionou uma mão imaginária e o jovem Adu não tremeu no momento da decisão.

Agarrando a inesperada bóia de salvação, o Benfica partia para o desempate com toda a moral, ao contrário do seu adversário, que juntava a revolta ao desânimo. Nem sempre estas coisas estão ligadas, mas não surpreendeu que os encarnados fossem mais frios nos pontapés, garantindo uma qualificação que, esta noite, só os seus adeptos (incansáveis no apoio, apesar de todas as evidências em contrário perante os seus olhos) fizeram por merecer.

Imagem de Record e texto de MaisFutebol

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